UNIVERSIDADE DO RIO DE JANEIRO (UNIRIO)
CENTRO DE LETRAS E ARTES
INSTITUTO VILLA-LOBOS

Curso de Bacharelado em Música - Habilitação em Música Popular Brasileira

PROJETO PEDAGÓGICO

I. Características Gerais

II. Organização Curricular

III. Recursos Necessários


II. ORGANIZAÇÃO CURRICULAR

Princípios Filosóficos

Diagnóstico/Justificativa

Objetivos

Estrutura Curricular

Programas de Disciplina

Atividades Complementares

Metodologia

Grade Curricular

Fluxograma


2. DIAGNÓSTICO/JUSTIFICATIVA

O repertório tradicional de concerto é a base da prática pedagógica musical nas escolas de música de todo o mundo. Esse repertório, basicamente tonal, inclui majoritariamente obras européias, dos séculos XVIII ao XX. A partir dessas obras, ou em torno delas, foi construído um sólido corpo de conceitos que também se fazem presentes nos cursos de música. A fundamentação teórica do conhecimento musical tem na chamada música de concerto sua gênese e sua comprovação.
A Teoria Musical, assim criada, fornece a maior parte dos conteúdos de disciplinas como Percepção Musical, Análise Musical, Harmonia e Polifonia. A sua principal garantia continua sendo principalmente a música tonal (no sentido amplo), escrita, européia, produzida entre os séculos XVIII e XX. O mesmo repertório de concerto constitui a base principal das disciplinas voltadas para as práticas instrumentais/vocais, as quais incluem aulas individuais de instrumento/canto e aulas de música de conjunto. Essa educação musical tradicional tem sido bastante testada e dispõe de uma fundamentação bem construída, que não pode dispensar a música escrita de concerto, a ela sistematicamente associada.
Essa estrutura, apesar de positiva, deixa de contemplar o repertório da chamada música popular brasileira, que é situado como alternativa musical secundária. Sendo constituído tanto de canções quanto de música exclusivamente instrumental, não obrigatoriamente escritas, ele acaba sendo excluído dos programas de disciplinas na educação musical escolar. Tal exclusão não faz justiça aos altos níveis artísticos e técnicos alcançados pela música popular brasileira. Basta lembrar a originalidade de criações como o choro, uma tradição centenária, e a excelência dos poetas e músicos associados ao samba e à bossa-nova. Para citarmos apenas alguns exemplos, artistas como Ary Barroso, Noel Rosa, Jacob do Bandolim, Pixinguinha, Tom Jobim, Airto Moreira, Luis Bonfá, João Gilberto, Milton Nascimento, Raul de Souza, Naná Vasconcelos, construíram e estabeleceram uma posição de admiração e respeito mundial pela música brasileira. Trata-se de um patrimônio cultural para o qual as Universidades brasileiras não podem mais fechar os olhos. O Bacharelado em Música Popular Brasileira da Uni-Rio é um dos cursos oficiais pioneiros na absorção desse patrimônio. Através do curso, a Uni-Rio estará recebendo indivíduos com grande potencial artístico, que se tornarão compositores e intérpretes capazes de manter e de elevar a reputação que a música brasileira conquistou internacionalmente.
Uma das justificativas mais relevantes para a implantação de um curso de MPB em nível de graduação é a grande demanda por uma prática pedagógica que não exclua o repertório popular. Até 1998, os alunos que tinham interesse em música popular ingressavam no curso de Licenciatura em Educação Artística - Habilitação em Música, do próprio Instituto Villa-Lobos da Uni-Rio. Como este curso é conhecido pelo amplo leque de repertórios musicais que aborda, estudantes vocacionados para a música popular encontravam nele o caminho para realizar seu desejo de uma formação universitária sólida e compatível com sua prática. A criação do Bacharelado em MPB vem extinguir as tensões entre o interesse pela formação de professores de música - finalidade precípua da Licenciatura - e o interesse do músico popular. Isso já foi constatado, aliás, nas solicitações de transferência interna de curso. Outro termômetro do interesse em um curso voltado para a música popular brasileira é o sucesso obtido pelos projetos de extensão que realizam cursos de cavaquinho, por exemplo, ou percussão de escolas de samba. Entretanto, a necessidade de formação de profissionais não se esgota em cursos periódicos, mas exige grade curricular própria e definição de terminalidade.

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